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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O Natal e o Natal com a Sofia

Passeamos para fazer as compras de última hora. Pacote completo, 6 pessoas: Eu, Carla, Sofia, Enzo, sogrão e sua mulher.

A Carla recusou seu presente, quer juntar o dinheiro para o passeio à Disney.
Inevitavelmente as minhas velhas cicatrizes marxistas doem com esta possibilidade, mas lembro que agora sou um coroa de centro e sorrio.
Afinal, eu perdi na última plenária e, devo sustentar o Centralismo Democrático. :-)
Incomoda-me bastante mantermos ainda a figura do Papai Noel, entretanto foi muito legal ver a preocupação do Enzo em não revelar a verdade para a Sofia.
Estamos num hotel. Após a ceia o Papai Noel chegou, falou com as crianças e distribuiu a pilha de presentes sob a árvore.
Os pequenos estavam em êxtase, os adolescentes incomodados e os adultos abraçavam o velhinho com bastante alegria.
A Sofia está na gestação para ser uma mocinha. Ela comemorou muito umas roupas que recebeu, tanto quanto as bonecas.
O Enzo engata na pre-adolescência, com o pouco vigor da transição.
Como pode ser prazeroso observar as crianças, não é mesmo?

Com o relógio alcançando uma da manhã, eu levei as crianças para cama.
Nenhuma ligação da mãe da Sofia. E agora?

A Oi fez o favor de descadastrar o meu cel.
Não sou capaz de avaliar a qualidade técnica dos serviços dela, apesar de não ter uma percepção boa, mas o atendimento...
Este sim, se destaca pela eficiência. Destaca-se negativamente. Muito negativamente.

Sem o meu cel funcionando, e mesmo ela tendo outros dois números para me ligar, eu liguei para ela e passei telefone para o Sofia.
A Sofia ficou feliz, contava sobre a noite com o bom velhinho e ria.

Isto não precisava ser assim....

Mas isto é outro post.
Aqui a sofia riu, brincou, emocionou-se.
Brincou e foi protegida pelo Enzo.
Correu pelo hotel com as outras crianças.
Pediu ajuda à "vó Maria" e aproximou-se ainda mais da Carla.
A Carla, que anda recebendo conselhos de maquiagem da Sofia, se diverte.

Feliz Natal, para pais, mães e crianças.
Para todos nós.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

O Exercício da Guarda Compartilhada e a Sofia Rindo

Engano:
s.m. Ato ou efeito de enganar (-se).
Falta de acerto; erro, desacerto.
Fonte: http://www.dicio.com.br/engano/

Começamos a vivenciar a Guarda Compartilhada...
Na verdade, recomeçamos.

Após a separação, o fim da relação conjugal, tudo seguia na nova normalidade.
Em um mês a Sofia já dormia na minha nova residência.
Em cinco meses já passava a metade do tempo comigo. Nesta época ela tinha 2 anos.
Deste momento em diante a mãe da Sofia chamou para sim uma preocupação com o bem estar dela e atacou a minha relação parental.
Muita coisa aconteceu...
Completando agora 4 anos de crise, estamos retornando ao normal.
Após ela perder no TJ e a Sofia receber o privilégio da guarda compartilhada, obtivemos sua concordância, negada nos últimos anos, em dialogar.

O primeiro ponto de retorno à normalidade foi a isonomia da convivência.
A Sofia voltaria a conviver tempos iguais com os pais.
Sim demoramos 3 anos e meio para restaurar algo óbvio.
Um situação de absurdo desconforto e inegável arbitrariedade, mas passou.

A Sofia já passava, ganho no tribunal, 1/3 do tempo dela comigo. Agora voltava aos 50%.
Traduzia-se a apenas na segunda-feira. Foi o dia que ela saiu da convivência da mãe e veio para a minha.

Observando os números eu fui capaz de estimar que a mudança não deveria ser percebida pela Sofia, apesar de ser formalmente comunicada por ambos os pais.

Errei.

A Sofia ficou mais carinhosa.
Aproximou-se mais de mim no primeiro dia.
Exigiu a minha presença para assistir desenhos na TV e dormiu no meu colo durante o processo.
Assisti ela explicando a mudança para seu primo, também de 5 anos.

Minha lição pessoal e intransferível:
Minha Sofia á mais ligada e complexa do que normalmente imagino.



domingo, 7 de outubro de 2012

A Mediação, Sócrates e o Judoca Nu

Observando o treinamento de alguns judocas, fui capaz de notar que o kimono tem papel fundamental neste esporte. Sou propenso a acreditar que trata-se de um leve resumo de um não praticante, mas a curta observação sustentou a seguinte questão:
"Seria bem diferente se não se pudesse segurar no kimono do adversário."
Focando em Sócrates:
"Como discutir com alguém que não esboça apego a valores? Com alguém que não se incomoda em estar errado, que não se envergonha quando é desmascarado? Que raio de dialética é possível nestes termos?"

No nosso terceiro encontro nada evoluiu. Abriu com o que eu julgo um erro dos medidores. Eles ficaram em dúvida sobre um procedimento e expuseram a dúvida. Isto estimulou a mãe da Sofia a afirmar que também tinha outras dúvidas e que seria melhor consultar um advogado.
Ainda ficamos 2 horas na mediação, mas com avanço zero.
Um ponto, levantado por ela e, que parecia consenso, regrediu. Ela sugeriu a troca de escola. Eu posicionei-me, sem explicar, como favorável. Ela queria reduzir os custos e transferir uma volume maior de recursos da Sofia para o seu orçamento. Eu buscava afastar a escola que teve um evolvimento criminoso no processo judicial que culminou com o afastamento da minha filha.
Ela sugeriu uma escola e eu uma outra. Após eu sinalizar de forma clara que os recursos que sobrassem não seria apropriados por ela...Bem, sem alguma base razoável ela descartou a escola por mim sugerida.
Disse que a minha escola era muito longe, apesar dela nem saber onde ficava o estabelecimento.
Obvio ficou que tratava-se de um pirraça. Uma quarentona fazendo pirraça. Patético.
Estava eu lá, numa luta de judo e meu oponente sem o kimono. Lutava nu.

Passei uma semana com alguns pensamentos. Todos desanimadores.

Novo encontro, velhas questões. As mesmas 3.
Tomei a inciativa e sugeri que fizéssemos diferente desta vez. Que buscássemos as conversas em separado primeiro e conjuntamente ao final.
O mediadores, usando um quadro, fizeram uma lista de pontos para conversamos. Usando pouca lógica consegui conduzir a conversa e mostrar que, apesar deles terem colocados 5 itens, eram apenas 3. Saí e quando voltei a outra metade do quadro estava cheia. Algo com uns 10 itens.

Muita fala, pouco entendimento.
Por pontos:
  1. Concordamos que a Sofia deveria dividir o tempo de forma igual entre os pais. A mãe não falou mais no assunto e os mediadores também evitaram. Achei estranho para um formato de consenso, mas por que reclamar?
  2. Ouvi assustado que a mulher não iria prestar contas do dinheiro da criança. Isto lhe daria muito trabalho. Argumentei 3 pontos:
    1. Seria simples. Ela poderia mandar um e-mail com umas 7 linhas e eu faria o controle. Ela teria a liberdade de, se estivesse muito cansada, omitir qualquer gasto. Entretanto os cálculos usariam apenas os valores declarados por ela e desta forma seguiriam os depósitos. tanto para a conta dela, se faltasse, quanto para a conta da criança, se os recursos sobrassem.
    2. Que era direito da minha filha a fiscalização. Esta prevista em lei como meu dever e que não havia possibilidade de ser diferente.
    3. Que este papel, que agora ela se recusava a cumprir, não lhe tinha sido imposto. Ele mesma lutou com unhas e dentes por ele e se, por acaso, ela se sentisse inapta, eu poderia fazê-lo. Bastaria passar o recolhimento dos valores para mim
    • Ela firmou a posição, não faria isto. Jogou sobre a mesa umas fotocópias com os principais gastos. Afirmei que os valores não me interessavam. Discutia o princípio dela dispor de recursos, que não lhe pertenciam, sem nenhuma transparência  Desesperando os mediadores afirmei que isto não ficaria daquela maneira. Disse que se ela não prestasse contas não havia possibilidades de continuarmos com ela gerenciando os recursos e ela aceitou a apresentação de um outro modelo. Lembrei que ela já conhecia um outro modelo. Eu o tinha enviado para ela no início de 2009, antes dela gestar o conflito.
  3. A proposta apresentada de governança é que a cada discordância um especialista seria usado para definir o ponto. Expliquei que não era uma ideia ruim, mas não era a melhor. A relação sustenta-se sobre bases patológicas. Não existe a "ditadura da razão". A discussão sobre se a Sofia deve ou não usar maquiagem infantil não é sobre maquiagem. É outra discussão. Facilitadores "ad hoc" não seriam capazes de evitar alguns absurdos.
Os mediadores, fortemente empenhados, redigiram um acordo temporário.
  1. A Sofia passa mais tempo agora comigo.
  2. Enviarei a proposta antiga para a mãe dela avaliar.
  3. Especialista "ad hoc" serão envolvidos sempre que discordarmos.
Voltaremos a nos encontrar em 12 de dezembro.
Com tudo assinado eu peguei a Sofia horas depois e já fui avisando:
"Teremos curso de música na próxima semana." :-)

Dois anos e meio depois e a minha filha volta à convivência normal.
Igualitária sim, harmônica não.

Qual o limite humano para perdoar e aceitar a Medéia?
Esta deve se tornar outra postagem.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Mediação para quem tem Tempo Livre


Entre os romanos, o trabalho para sustentar a vida era identificado à palavra negócio, literalmente, negação do ócio. O ócio significava, para os antigos, a forma nobre e digna de ocupar o tempo livre com o lazer, a arte do governo e a reflexão. Enquanto isso, as atividades relacionadas diretamente com a sobrevivência material ficavam a cargo dos escravos, cujas funções eram consideradas desprezíveis.
Fonte:  MEC

Chegamos ao segundo encontro da mediação. Um dos mediadores teve um problema de saúde e a mediadora nos ofereceu a possibilidade de não fazermos o encontro, se sua partcipação fosse julgada essencial
Pensei: "Sei que é importante. Mais um olhar poder ter um bom efeito como inbidor de comportementos da mãe da Sofia". Enquanto pensava isto um calafrio de correu o corpo. 'Ela vai aproveitar para evitar esta sessão". Rapidamente inclinei-me dizendo que via como importante a participação do outro mediador, mas que não faria sentido interrompermos o esforço de diálogo.
Com um acesso de cabeça da outra parte minha pressão arterial começou a baixar. :-)

Cada um de nós ficou com a tarefa de trazer uma lista de itens para negociarmos.
Ela tinha 3 folhas, com uns 10 itens por folha, aproximadamente.
De ida à médica até a necessidade de dividirmos igualmente o período no qual a Sofia fica sem escola e ainda traalhamos, alguns dias antes do Natal.

 Por quase duas horas discutimos os pontos apresentados pela mãe. Um festival de irrelevâncias, de reafirmação do óbvio que já é rotina e de algumas esquivas. Fui orietado a valorizar os pontos apresentados e segui esta orientação. Talve com um empenho superior ao necessário. De relevante mesmo apenas seu iteresse em mudar a Sofia de escola. Ah, aquela escola...

Eu tinha 3 itens. Tive que aumentar muito a fonte para cobrir uma pequena área da folha. Algo exatamente assim:
Pontos para a Mediação
  1. Ampliação da convivência entre a Sofia e o Pai.
  2. Gestão conjunta dos recursos financeiros da Sofia e seu uso
  3. Determinação de um processo de tomada de decisão
O tempo já terminava e notei o interesse da mãe de nem ao menos comentar as minhas propostas. Com a pressão aplicada ela não encontrou saída.
Explicou que uma mudança na rotina da criaça poderia ter um impacto muito negativo. Desta forma ela era contra o item 1.
Expliquei que a equação para prestação de contas seria: Recursos da Sofia - Gastos Comprovados = Sobra Mensal.
Se sobreasse dinheiro seria depositado numa poupança da Sofia, se faltasse, metade do valor seria depositado por mim na conta da mãe.
Após ouvir isto não se manifestou sobre o este ponto.
Sobre o terceiro ponto disse que a única forma de lidar com a discordância seria o imobilismo, ou seja, que nada fosse feito.
Expliquei que seria necesário que ela pensasse sobre esta questão, pois estava claro que ela tinha sido surpreendida. Tal proposta não se sustentaria na rotina real.
Com um cenário de pouco equilíbrio, encerramos o encontro: Duas horas versus 10 minutos.

No meio ela me pergunta quais eram os 3 processos que eu abriria contra ela.
Sugeri que ela observasse quantos pontos eu trazia para a mediação.

Arrastada para a mediação sob ameaças ela não tinha muita substancia a propor, mas ficou finalmente claro o motivo de estarmos lá.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

A Mediação ainda sem cara de Mediação

Motivação (do Latim moveres, mover) refere-se em psicologia, em etologia e em outras ciências humanas à condição do organismo que influencia a direção (orientação para um objetivo) do comportamento. Em outras palavras é o impulso interno que leva à ação. Assim a principal questão da psicologia da motivação é "por que o indivíduo se comporta da maneira como ele o faz?"
Hoje estive na 2ª reunião de mediação. Registarei aqui a 1ª.

Prévias sobre como chegamos na Mediação
A mãe da Sofia não dialoga.Deixa claro que não tem interesse nisto. Exercitou a guarda única como fonte de pequenos prazeres, na minha visão.Perdeu no TJ-RJ. A Sofia obteve a Guarda Compartilhada (GC).Conseguiu, desde que ela pariu a crise, rejeitar mais de uma dezena de propostas de diálogo.De padre, pastor, curandeira, familiares, amigos, padrinho, madrinha, Conselho Tutelar, psicólogas, assistentes sociais, advogados. Até mesmo uma especialista em mediação da OAB foi recusada.A GC foi a 1ª derrota que ela teve no judiciário. Apenas após isto ela aceitou dialogar e olhe... não foi fácil.

Resumo da 1ª reunião:
Cheguei. Encontrei duas pessoas. Um homem e uma mulher. Perguntei o nome da mulher e descobri que não era o segundo nome que eu tinha obtido.
Quem nos acompanharia trocou duas vezes antes de começarmos.
Era visível o nervosismo em todos os 4. Existia também uma observadora.
Eles nos perguntaram se conhecíamos o assunto e eu tomei a frente e disse que parcialmente.
Quem em 2009 eu tinha oferecido a mediação para a mãe da Sofia, citei a profissional que foi reconhecida por eles como alguém conhecido da área. Citei que conhecia o processo e que tinhas minhas críticas. Objetivamente existiam algumas necessidades que não seriam alcançadas pela Mediação, mas que por meio dela, nutria a expectativa de pavimentar um caminho mais sólido. Que estávamos ali por que aquele era o 1º e até agora o única possibilidade de diálogo que a mãe da Sofia se disponibilizara.
A mãe da Sofia disse que não sabia por que ali estava, visto que já existia uma decisão judicial e o diálogo não era necessário.
Expliquei que não. Não tinha terminado e que estávamos ali para evitar a abertura de 3 processos judiciais.
Pronto, alterou-se. :-(
Existia um roteiro que eles liam atentamente, o que fez parecer que não existia muita experiência ali.
A conversa foi aberta com uma proposta que conversássemos abertamente sobre os problemas.
Interrompi dizendo que não teria interesse num espaço terapêutico e ouvi que não se tratava disto.
Pois bem, virou um espaço terapêutico. :-)
Alternadamente trocamos acusações. Umas razoáveis, outras vergonhosas de frágeis.
Afinal ....
Ele seguiram um bom caminho. Definindo princípios. Mas pararam muito cedo.


Fora dos protocolos de fala só definiram que ambos somos responsáveis e amamos a criança.
Ao fim percebemos que não foi realmente produtivo e fomos desafiados a fazer uma lista de pontos objetivos.

Lamentavelmente o comportamento da mãe nestes anos não permite que uma pessoa racional valorize o compromisso dela com esta ideia.  Isto não é o suficiente para inibir um "Não por que não". Não é suficiente para lidar com a pessoa que me convenceu que a inteligência acima da média não é um pré-requisito para o diagnóstico da psicopatia.
Entretanto eu me calei.

Discutiremos isto no encontro seguinte. Negociaremos ponto a ponto.

Por que vocês estão aqui?
Teria sido bom se esta pergunta tivesse sido feita diretamente, mas não foi.Partiu-se da suposição que ambos buscamos ali o melhor para a Sofia.Premissa errada. Esforço mal gasto.Ao fim do nosso relacionamento, sim o relacionamento conjugal acabou, mas a amizade e o respeito foram mortos em outro momento, conseguimos estabelecer uma canal bom de comunicação.Apesar de ter ido morar com uns amigos, por total carência de recursos financeiros, conseguimos progressivamente restaurar o contato parental.A Sofia em 20 dias já dormia comigo.Já tínhamos 10 meses que o café da manhã dela era tarefa minha. Com o retorno da mãe ao trabalho, após 12 meses afastada, as atividades foram paulatinamente sendo divididas. Peguei também o passeio de leva-la a creche e muito frequentemente o de buscá-la também.Com altos e baixos, mais altos do que baixos, a vida tocava.Conheci outra pessoa, a Carla. Ela tinha um filho de 7 anos e sabia muita coisa sobre crianças que eu ainda não sabia. Puxa, como isto reduziu a minhas ligações para a mãe da Sofia.Ela também vinha de uma separação. Nos momentos de problemas com a mãe ouvia que era um momento difícil. Seria normal alguns atritos, mas que estávamos indo melhor que a separação dela no mesmo período.Chegamos até a pensar sobre umas féria conjuntas com as duas crianças e 4 adultos.Logo depois a mãe da Sofia teve uma mudança.Ela definiu que seria melhor brigar, e ela estava certa, sob uma ótica doente, mas certa.Em 2009 eu mandei um e-mail para ela dizendo que as intenções dela não prevaleceriam sobre os interesses da minha filha e garanti que faria isto acontecer.Pulando muita história...Em 2012 a GC saiu e ela finge que não tomou conhecimento.Depois de algumas ameaças ela finalmente aparece na mediação. Acreditem nas ameaças.Por que estamos aqui?
  • Eu para mitigar o mal que a mãe pode causar. Minha estratégia? Forçar a transparência dos seus atos.
  • Ela por medo. Abriu uma guerra. Cruel e mentirosa certa que nunca teria que prestar contas e perdeu. E agora?


Perspectivas:
Não existe muito a se prever aqui. Não temos como ponto central a discussão sobre a marca do xampu.
Temos como pendência apenas um ponto:
A isonomia como ferramenta para determinar a transparência.

PS: A figurinha acima é cruel, mas não mente. Isto é parte do problema e será também da solução.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Como Será o Amanhã?


Como será amanhã?
Responda quem puder
O que irá me acontecer?
O meu destino será
Como Deus quiser
Como será?...

Após disputas que iniciaram em maio de 2009, o judiciário finalmente devolveu à Sofia o privilégio de ter pai.
Li calmamente as diversas páginas; do meu defensor, da promotoria, o voto do relator e a decisão; onde se repetiam os óbvios argumentos:

  • isonomia
  • melhor para o menor


Por unanimidade foi definida a Guarda Compartilhada. Publicado neste dia 1º de junho.

Não fossem estes 3 anos sendo pária dentro do judiciário, a sensação de equilíbrio e ponderação tomaria facilmente corpo na minha mente.

Feliz e preocupado, sai em busca de ajuda.
Voltei ao núcleo de mediação e expliquei a questão.
Mesmo frisando que não acreditava no sucesso da investida pedi para que a mãe fosse contactada e que uma oferta de diálogo fosse feita. Sempre envolvendo um 3º, um observador.
Em junho de 2009 ela acusou-me de agressão. Esta acusação foi o suficiente para que a interrupção da convivência diária entre Pai e Filha fosse autorizada pelo judiciário. Já tinha sido interrompida por inciativa da mãe.

Entendo como deve ser difícil avaliar quem diz a verdade numa disputa destas. De qualquer forma um dos dois mente e, seja lá quem for, não é seguro ficarmos sós. Não é seguro para o bem estar da Sofia.

Não é difícil imaginar o resultado da ligação, não é verdade?
A recepcionista ouviu coisas do tipo: " Mas sou eu que tenho o que reclamar dele..." e "Agora estou ocupada, ligarei mais tarde".

Alguns dias depois enviei um e-mail comunicado que estava a par da ligação do fórum e que atitudes seriam tomadas, caso ela não viesse para o diálogo.

Resultado: Zero

E agora?

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Momentos Bipolares

Recentemente os "psicóticos maníacos-depressivos" foram promovidos a bipolares.
Definitivamente:
"Quanto mais a ciência avança, mais difícil fica encontrar alguém completamente são". :-)
Passo este fim de semana com a Sofia.
Ela brinca com os livros, assiste desenho, come, chama a minha atenção a cada 20 minutos.
É a minha "linguicinha". Não entendo o padrão de meninas aos cinco anos, mas ela me parece muito magrinha. Ao final da tarde ela já comeu uvas e morangos, mas em pequenas quantidades.
Paira no ar uma promessa de fazermos massa de pão de queijo, mas ainda nada está certo.

A Fase Maníaca
Passei recentemente no TJ. Meu processo acaba de entrar nas mãos da promotora.
O serviço social recomendou o GC, o promotoria concordou, a juíza negou.
Na conversa com a defensora obtive dela uma recepção muito boa.
Ela  afirmou que tendência atual seria Guarda Compartilhada(GC). A defensora reconhecia a GC como o melhor para a criança e dizia que o judiciário reconhecia também este. Ouviu com um ar de constrangimento as minhas ácidas considerações do tipo: "Isonomia de gênero, nas varas de família é, no melhor dos casos, coisa do futuro, a despeito da lei".
Não estou certo se posso procurar contato com a desembargadora, ou devo tentar nova conversa com a defensora, mas o otimismo pontua alto.
Questões variadas como:

  • alimentação
  • vestimenta
  • horários
  • prêmios e punições
  • mesada
  • responsabilidades
  • saúde

Seguem pendente, pois não interessa a mãe nenhum diálogo.
Surge uma cenário onde isto será superado em breve.

A Fase Depressiva
Penso nos problemas atuais. Lembro que apenas tomo conhecimento da minha filha pela agenda da escola.
Lembro que sou alienado do acompanhamento pediátrico de seu desenvolvimento. Fico ao sabor das repercussões que o sistema hormonal de sua mãe tem no seu humor para isto.
Tentando animar recordo de alguns pais que, eventualmente, apoio com, principalmente, meu ouvidos.
Lembro do pai:
  • com filhos entrando na adolescência. Tornou-se apenas o cara que é procurado por dinheiro. Ele hoje luta para que, pelo menos, isto seja feito com um padrão mínimo de dignidade.
  • que lutou e até conseguiu a GC, mas que não preservou sua base financeira e agora, terá que se mudar para longe do filho.
  • que luta há 10 anos e ainda não consegue que o judiciário garanta que o filho passe as férias com ele. Nenhum juiz gosta de dar "Busca e apreensão". Eu também já ouvi isto. Então, como faz? Se na guarda única o pai é quase nada. Não fazer cumprir o decisão é o ápice do cinismo de estado, mais uma vez, com o discurso sobre a sustentação disto estar no melhor para a criança.
  • que tenho conversado atualmente, luta para estabelecer uma convivência com a filha. Um conquista, que se obtida, ele não conseguirá manter. Com a colaboração da mãe não seria fácil, sem ela...E não a terá, pois hoje a mulher tem ganhos financeiros com a situação atual. Ok, Não é muito dinheiro...Mas, qual o valor financeiro de um princípio? Tivemos uma longa conversa e eu me peguei pedindo para ele reavaliar. Eu falei para um pai que sente saudades da sua pequena, que talvez, fosse melhor ele avaliar a situação. A mãe vai ampliar a infernização, não terá apoio da família próxima, irá expor a nova companheira, ampliará a crise financeira individual dele e danificará o horário que hoje ele ainda tem disponível para usar como fonte de ganho de mais alguns recursos financeiros, além é claro, na necessidade de se fazer uma poupança, pois se ele perder o emprego, considerando a poupança negativa no momento, será preso. Inevitavelmente, pela pensão.
O otimismo, por Pandora, é uma maldição
Mesmo num cenário otimista, assim que a bomba do incentivo que o estado estabeleceu ao comportamento irresponsável da mãe for desmontada, inicia-se uma mudanças de problemas.
Imagino um interessante emaranhado retórico para se justificar este comportamento.
Num cenário otimista, este sim absurdamente onírico, terei que lidar com uma criança que assistirá uma situação, hoje arbitrária e discreta, migrando para um cenário diferente no futuro.

Disputa esta que nunca desejei ou imaginei, mas que único instrumento que possuo para lidar com este problema seria abandonar a Sofia.
Disputa esta que surgiu na doentia mente de uma mulher atormentada e estimulada por um estado entre incompetente e omisso.
"Mãe é mãe, e você não será nada para a minha filha."
Como educar uma criança num ambiente deste?
Onde respeito é referência de dicionário.
Onde a criança, com olhar de medo, diz ao pai que "Se não fizer assim, ela vai brigar comigo. Vou levar um peteleco."

Indiferente à isto Sofia ri, brinca, exige atenção e corre.
Mesmo com cinco anos expõe uma organização mental de dar prazer.
Expressa suas preferências e negocia suas demandas.
Estabelece vínculos a sua volta e exige uma história antes de dormir.

Amanhã será um novo dia.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Paternidade, descaso e mandato de busca e apreensão

Desprezo é um intenso sentimento de desrespeito e antipatia. É semelhante ao ódio, mas implica um sentimento de superioridade. A pessoa desprezada é considerada indigna. Desprezo pode estar relacionada a sentimentos de indignação e amargura.
Desprezo é um desprezo forte emocional, com base na convicção da inutilidade das pessoas afetadas ou suas instituições.
O desprezo surge a partir da avaliação de outra pessoa como inferior.
O principal impacto do desprezo é uma persistente desvalorização da pessoa ou da instituição em todas as áreas possíveis e uma consequente não-conformidade com a pessoa ou grupo social.
Fonte: Wikipedia

Tivemos na última semana do ano passado um crise de falta de água na nossa rua.
Depois de muito reclamar, passarmos pela Agência Nacional de Águas e pelo PROCON, fomos, seguindo orientação deste último, parar no fórum. No plantão do judiciário.
Nada de útil surgiu quando ao respeito ao cidadão/contribuinte/consumidor, mas algo me surpreendeu...

Encontre lá um pai, o Alexandre.

De posse de uma decisão judicial que determinaria que ele passaria os dias com o filho, ele transitava pelo judiciário, já por 13 dias, sem nenhum sucesso em fazer cumprir a sentença.
O Alexandre contou-me uma longa história de problemas, dificuldades, mentiras, provas, acusações e testemunhas.
Nada muito diferente da rotina que observamos nos grupos de pais separados, mas...
"Uma morte é uma tragédia, milhões de mortes é uma estatística"
Josef Stalin
Estava ali uma homem  arrasado. Ele repetia para sim tudo o que estava de errado, em vários pontos do judiciário. Em suas mãos erros misturavam-se com desprezo, descaso, despreparo e preconceito contra ele e seu filho.
Uma ex-mulher, que possivelmente nunca foi santa, encontrou no judiciário a sedução e a benção, que não precisava para agir mal.


Conversamos algumas vezes e acertamos que continuaríamos a fazer isto.
Nas nossas conversas manteve duas linhas:
  1. O apoio à pessoa focando em seus sentimentos e percepções.
  2. A abordagem do problema construindo possibilidades de ação e tentando compartilhar as minhas percepções sobre o assunto. Sempre repetindo que tratavam-se das percepções de um leigo.

Consolido aqui as ideias principais. As mesmas ideias que não me fazem muito popular nos encontros de pais separados:
  1. O melhor para o menor
  2. Isonomia entre os sexos
  3. A Justiça x o Judiciário
  4. Sistemas de Incentivos - As pessoas
  5. Sistema de Incentivos - O judiciário
  6. O filho semi-órfão
Apesar de compreender que a apreciação da realidade não se  extingue nestes pontos, sinto-os como um apanhado suficientemente abrangente para compreender pelo que passam muitos pais e filhos, neste instante, pelo Brasil a fora.
Estou aqui me propondo a explorar cada um deste pontos, individualmente.