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domingo, 14 de agosto de 2011

O imaginário da Sofia e a Verdade Verdadeira (Alto Clero)

Agora pegou.
Qual a importância do mito de Deus na construção de realidade de uma criança?
Sejamos objetivos: Não faz diferença a pergunta sobre a existência ou não de Deus. Não é esta a questão que persigo aqui.
O ponto central são os benefícios da crença dele na vida das pessoas.
São os benefícios decorrentes das referências morais que Deus conseguiria facilmente trazer para a sociedade e, em especial, para a Sofia.

Quando conheci a Carla, minha esposa, sua posição era bem clara. O conceito de certo e errado deve ser passado à criança independente do conceito do sagrado. Certo é certo, errado é errado. Nada de papai-do-céu gosta ou deixa de gostar.
Apesar da argumentação ser clara e objetiva, eu não consigo incorporar este conceito na minha visão de atuação. Ainda carrego uma visão do uso do divino na modelagem do comportamento da Sofia.
Conversei com alguma pessoas e o consenso não é natural. De um amigo ouvi:
"Religião é que nem bebida: pode ser legal em alguns contextos, mas é intrinsecamente desnecessário. Em qualquer idade.
O melhor é não deformar a visão de mundo da criança. É um inferno suportar a dissonância cognitiva. Pode ser uma pessoa normal, com religião como coisa eventual. Ou pior pode ter a vida destruída. Como falei, assim como a bebida."
Posição forte, exagerada em alguns aspectos, mas não sem fundamento.
De qualquer forma, estamos no Pântano. Outro post.

Qual a melhor escolha para conduzir a Sofia?

Adoto o discurso sobre os desejos e vontades de papai-do-céu ou sustento um discuso secular, tentando evitar o confronto com o resto da realidade a sua volta?
O que não seria fácil.  Todos se despedem com um "Vá com D´us".  :-)
Como uma piada antiga: "Ninguém respeita o pobre do ateu".

Não me imagino fazendo proselitismo para uma criança. O objetivo de estabelecer uma abordagem crítica da realidade desde cedo não significaria a pregação de uma ideia, mas sim de um processo de como pensar.
Já explorei com outros que o exemplo dentro de casa é muito superior ao discurso sobre o mesmo.
Desta forma o importante é estabelecer uma rotina critica, gentil e suave, mas crítica quanto a realidade.

Tentar fazer isto e ignorar o espaço que o divino ocupa tem sido um grande esforço, veja aqui os primeiros passos.

E agora. o que faço?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A Sofia e a Vaidade

A Vaidade está na lista dos Pecados Capitais. Modernamente isto não significa muito, somos hoje uma sociedade muito mais humanista que cristã. Sei que esta afirmação tem um grande poder de chocar, mas não sou eu, trata-se apenas de uma observação da realidade. Muitas das qualidades que hoje os discursos religiosos propagam como cristãs seriam rejeitadas pelo cristãos primitivos.

Período de férias e agora com a publicação da decisão judicial, a mãe da Sofia não possui mais o poder de interferir nas nossas.
Minha irmã veio para viajar conosco e, numa noite ociosa, resolveu fazer uma escova na Sofia.
Vamos posicionar algumas coisas: Sou homem, tenho um conjunto de interesses, assuntos que chamam a minha atenção. Nunca entendi o significado de "fazer uma escova' como sendo algo diferente do processo industrial de construir um apetrecho". :-)
Andei tendo algumas aulas sobre o significado feminino de "fazer escova" depois deste evento.
A Sofia tem um fenótipo de morena. Resultado das raízes africanas de ambos os pais. Não o suficiente para entrar na cota racial, entretanto.
Após a escova assistimos a Sofia fazer poses de modelo em frente a um espelho.
Muito linda a minha pequena esboçando sua vaidade.
A cidade de Arraial do Cabo possui praias lindas e as crianças adoram lá. Da ultima vez a mãe impediu a ida da Sofia e o Enzo se virou fazendo uns amiguinhos no hotel. Já a Sofia ficou com a mãe no apartamento. Desta vez foi ótimo.
Lá pelas tantas a Eloiza, minha irmã, sai com a Sofia para fazer umas compras e descobrimos que as compras eram num Salão de Beleza. Quando chegamos a Sofia estava durinha numa cadeira com uma profissional segurando uma escova que gerava calor. Diversas perguntas sobre segurança, faixa etária e decidimos permitir que ela terminasse o que já estava pela metade.
Os olhos da Sofia brilhavam ao contemplar o cabelo em frente ao espelho. Impressionante sua satisfação em dizer um simples "Não" balançando a cabeça.
A Sofia ganhou um cabelo novo, e nós uma nova tarefa semanal. Tarefa esta que eu ainda não sabia exatamente qual é, mas sabia que se tratava de uma manutenção no cabelo dela.
Aguardamos apreensivos pela a reação da mãe. No passado ela foi convidada a ir num salão conosco para ver o cabelo da Sofia, mas duvido que se lembre disto.
Enquanto isto, a Sofia disse que adotará o nome de Julieta, para que ninguém a reconhecesse quando voltasse às aulas.
Passei as orientações para a mãe e ela firmou posição que isto seria exclusivamente responsabilidade minha, ela não faria nenhuma tarefa que envolvesse o cabelo da Sofia.
Minha esposa fez todo o procedimento neste fim de semana com o meu acompanhamento. Pronto virei cabeleireiro exclusivo. :-)

Deixei agora a Sofia na porta da escola e ela despediu-se dando um beijo demorado na minha face. Como cheirava bem a pequena. Era a hidratação da tia Carla.

Sei não, existem momentos em que vejo como sob ameça o projeto do convento.  :-)